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domingo, 7 de dezembro de 2008

O chicote da moral

Friedrich Nietzsche, em sua Genealogia da moral, afirma que o homem moderno é um animal adestrado por meio de diversos códigos de conduta, entre eles a moral. Tais leis foram desenvolvidas tendo em vista a estabilidadee crescimento da colônia. A implementação  de tais padrões de comportamento na vida dos cidadões se dá, como em qualquer condicionamento, através de punições dirigidas a transgressores de determinadas normas , ou privilégios, menos comuns, aos seguidores de um determinado padrão comportamental considerado positivo pelo Status Quo
Nos primórdios da humanidade não existiam os conceitos de Bem e Mal da forma como os consideramos atualmente. O ser humano concentrava seus esforços em sua própria sobrevivência, na da sua família (por razões evolutivas) e, eventualmente, na da sua tribo. Tais protótipos de comunidades possuíam seus próprios códigos de conduta, assim como punições para transgressores, adaptados às suas necessidades específicas. Eventualmente, com a organização das sociedades em vilas, aldeias, reinos, cidades-estado, feudos, nações, etc..., as normas de conduta cresceram em número e complexidade, enquanto o comportamento individual se adaptava de maneira a evitar as diferentes punições em voga. 
Assim, vemos que uma comunidade funcional de indivíduos depende de uma certa previsibilidade no comportamento da massa de seus constituintes, previsibilidade esta garantida ao longa da história por meio de diferentes punições que, como a dor causada pelo chicote de um adestrador, tendem a causar um efeito maior na memória do adestrado do que estímulos positivos. 

Lobotomizado

O que é a metade ?
Um cópia perfeita ?
Da mesma idade ?
Ou alguém que te completa, 
alguém que te transforma ?

Uma imitação desajustada, 
Um complemento atualizado
Um cópia imperfeita
Um rascunho implementado. 

Quando o prendes, te limita
Quando o sentes, aprisiona-o
Porém se dele te apartares, 
Para o cárcere retornarás

Pois separado do complementar, 
a metade perecerás. 
Em uma agonia paralisante, 
até a metade retornar.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

LHC

No ano 2008 D.C. do calendário adotado comumente em um certo planeta localizado num sistema solar ordinário na periferia de uma certa galáxia espiral, membro menor de um aglomerado de galáxias localizados nos confins do Universo foi colocado em funcionamento um "Grande Colisionador de Hádrons" denominado LHC. Não demorou algus meses para um erro que nunca foi localizado fizesse com que o acelerador de partículas criasse, acidentalmente. um buraco de minhoca que transportasse tal planeta, denominado Terra por seus habitantes mais verbalmente desenvolvidos, e Júpiter, um planeta gasoso dos arredores, para alguns milhares de anos no passado e alguns milhares de anos-luz no sentido anti-horário do disco espiral da galáxia. Seus habitantes mais tecnologicamente desenvolvidos, uma raça de macacos com um polegar opositor em cada um dos dois membros superiores e um telencéfalo relativamente desenvolvido, foram então obrigados a reunirem esforços para conseguirem ativar a fusao nuclear do núcleo de Júpiter para que não morressem congelados, desprovidos de uma estrela apropriada como fonte de energia. Depois disso a raça humana alcança um desenvolvimento tecnológico e moral suficientes para poderem dar o grande salto evolutivo e povoar as estrelas ao redor para, depois de alguns milhares de anos, quando a humanidade original já se encontrava relativamente desenvolvida, um erro de cálculo causado por um funcionário publico da reparticao galáctica C-IV fizesse com que um disco voador de uma típica familia da classe média realizasse um salto hiperespacial equivocado e caisse em Roswell, no ano de 1945 D.C.. Seus corpos são dissecados e o estudo de seu organismo biológico culmina em avanços no estudo da biologia da esquizofrenia (o filho do piloto do disco estava convencido de que todo o universo era uma simulação computacional criada por seres pandimensionais que tinham dado a ele a missão de eliminar o terceiro planeta do sistema solar do mapa). Incidentalmente, os supercondutores do reator de antimatéria da nave e os semicondutores do vibrador da filha adolescente permitem um avanço tecnológico enorme que, no intervalo de 60 anos de história da Terra, culmina no desenvolvimento de I-phones, Tamagoshis, um computador quântico com meia-dúzia de quantum bits e um grande colisionador de hádrons que, devido a uma conversão inadequada de unidades por um funcionário público que não dominava o sistema métrico de unidades, cria um buraco de minhoca que acaba enviando o planeta milhares de anos no passado e milhares de anos-luz no sentido anti-horário do disco espiral da galáxia. Enquanto isso, seres pandimensionais, ao notarem que um determinado planeta foi removido com sucesso do setor ZYB-137 de sua simulação hiperdimensional psicointerativa 3.1415... introduzem em seu lugar um mercadinho cósmico 24 horas. A 4 bilhões de anos estavam de olho naquele setor do braço espiral zeta da galaxia Krull por seu valor comercial. O unico problema era conseguir ocupar o local sem violar o codigo #$%%932-B que impedia qualquer raça de seres pandimensionais de interferir, em uma simulação hiperdimensional psicointerativa cujo número de versão seja irracional, num nicho cósmico onde uma biosfera por ventura poderia se desenvolver. Mas sempre havia um jeitinho...

domingo, 31 de agosto de 2008

Cenouras e Chicotes

Existem basicamente dois meios de fazer com que um cavalo puxe sua carroça: o chicoteando por trás para que ele vá para frente fugindo da dor ou pendurando em sua frente uma suculenta cenoura para que ele vá para frente em busca do prazer antecipado da saciez. Temos, pois, dois pólos opostos governando o movimento de um cavalo de carroça: Repulsão e Atração, Dor e Prazer.

Para se aumentar a intensidade de tais forças irresiitíveis podemos adotar duas abordagens principais. Aumentar a dor que o chicote causa ou intensificar a fome do animal aumentando assim, indiretamente, o prazer que ele sentirá ao degustar o desejado vegetal.

Entre os homens, tal processo de gratificação e punição, muito embora seja dotado de uma maior complexidade, segue basicamente o mesmo padrão. Para se conseguir com que um homem faça algo você pode, novamente, adotar duas posturas: prometendo-lhe uma agradável recompensa ao final da tarefa (uma barra de chocolate, uma noite de sexo selvagem, um salário mínimo, uma vida feliz num eterno paraíso celestial, etc...) ou o amedrontando com terríveis ameaças (um mês de castigo, castidade involuntária, desemprego, uma eternidade de danações no fogo eterno, etc...). Novamente dois pólos: Prazer e Dor.

Todo condutor de carroça sabe que um chicote é mais eficiente do que uma vareta com uma cenoura amarrada na ponta para motivar a propulsão de seu veículo. Um cavalo não ligará para uma cenoura se ele estiver saciado, porém sempre fugirá de um doloroso açoite.

Infelizmente, homens e cavalos ainda possuem muito em comum quanto ao quesito motivação...

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A Máscara Caida

São nos momentos de necessidade que as pessoas têm a chance de mostrarem verdadeiramente o seu caráter. Algumas mantém a imagem que pintam de si mesmas, outros revelam quem na realidade são. Resta-nos nos afastarmos daquelas cujas máscaras caídas escondiam grotescas feições e reforçarmos a confiança nas máscaras ainda firmes em seus lugares, com a esperança de que escondam por detrás delas um brilhante e salutar feixa de luz ao invés de famintas e vorazes trevas...

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Falando demais por não ter nada a dizer...

"Sabe do que é feito o papel ? Canhamo... (segundos de silêncio depois) Agora só não me pergunte o que é canhamo." - Oscar Schmidt comentando a abertura das olímpiadas 2008 na China.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Consulação

Máquina lavadoura de louças recém adquirida (mar/08). Um problema no detector de nível de água faz com que a mesma não saiba a hora de parar de se encher de água, inundando tudo ao seu redor. Depois de três visitas técnicas e um período onde a máquina teve, segundo consta no sistema, a peça substituída. Tendo o problema persistido, uma tentativa online de resolução do problema é procurada:

Consul: Olá, Diogo, em que posso ajudar?
Cliente insatisfeito: Olá Consul...
Então, a descrição do meu problema é simples.. espero que sua solução também seja
Cliente insatisfeito: recentemente adquiri uma lavadoura de loucas consul... e no primeiro mês ela começou a apresentar problemas...
Cliente insatisfeito: um defeito na bomba que detecta o nível de água faz com que ela transborde e molhe toda a minha cozinha....
Cliente insatisfeito: Assistência técnica ja foi acionada 3 vezes.... e a maquina ficou nas mãos da assistência para a troca da peça uma vez
Cliente insatisfeito: Dados da ordem de serviço Nº MAXG6513
Cliente insatisfeito: apesar da alegação da peça ter sido trocada, a maquina voltou a apresentar o mesmo problema recorrente
Cliente insatisfeito: gostaria de saber o que pode ser feito... se a peça pode ser trocada "de novo", ou se vocês vão substituir o meu produto por um que funcione efetivamente
Consul: Aguarde um instante por gentileza,
Cliente insatisfeito: Claro, agradeço a atenção..

Cliente insatisfeito: Claro, agradeço a atenção...
Consul: Por favor Cliene insatisfeito, agende novamente uma visita técnica e informe que a lava louças continua apresentando o mesmo problema
para que um técnico analise e solucione o problema.
Cliente insatisfeito: Certo... porem, estou com problemas para efetuar o agendamento online... o sistema não me deixa reagendar, alegando que a visita técnica foi realizada. Não posso nem mesmo agendar uma nova visita para o mesmo produto... tem alguma ideia de como posso resolver isso online, ou terei que fazer pelo telefone mesmo ?
Consul: Por favor, agende a visita técnica através do SAC pelo telefone 0xx11 3116-2499 para São Paulo e 40040014 para demais
localidades
Cliente insatisfeito: Okay... grato
espero que vocês resolvam logo esse bug no sistema...

Tendo o sistema online se mostrado completamente inoperante, uma tentativa para o SAC é realizada:

Cliente insatisfeito: (descrição detalhada do problema)
SAC: Senhor, aguarde um momento.
(música de elevador irritante)
SAC: Obrigado por esperar...
SAC: (Novas perguntas fúteis cujas respostas já foram dadas na descrição anterior)
Cliente insatisfeito: (confirmação das informações já passadas anteriormente)
SAC (cantarolando): Há momentos na vida...
(dois segundos de silêncio desconfortável)
SAC: Senhor, aguarde um momento...
(música de elevador)
SAC: Obrigado por esperar...

Momentos depois, uma nova visita do antigo técnico é agendada. Depois do mesmo constatar o velho problema, e alegar que hoje em dia é "assim mesmo com esses aparelhos eletrônicos", ele realiza a troca da peça "novamente". Um rápido lampejo na peça defeituosa revela uma etiqueta com a data "17/01/2008", dois meses anterior à compra do produto e três meses anterior à inserção da mesma no produto defeituoso.



Narrador: O que reservará o produto para o chão da cozinha. Será a nova peça realmente eficaz em seu trabalho ? Será o técnico, o SAC e a Consul como um todo mais eficiente do que a peça defeituosa ? Novas enxurradas continuarão a circundar o produto recém-adquirido Consul ? Apenas o tempo dirá...

domingo, 13 de julho de 2008

Troco com Trote

Depois de anos de enganação, é divertido vê-los levando o troco...









E para quem ainda possui dúvidas sobre a maior enganação da história:





sábado, 5 de julho de 2008

99 red balloons go by...



Extra ! Extra !

Padre tenta quebrar recorde mundial e dar a volta ao mundo em 79 dias (se você já ouviu falar de Júlio Verne você entendeu a piada) e acaba morrendo. Ironicamente, ao ascender e morrer ele se torna uma espécie de messias ao contrário, que costumam morrer antes de ascender. Mas, ao contrário do velho J.C. , ele esculpiu sua própria cruz. Será que a fama que ele alcançou chegará perto da fama do maior homícidio não-resolvido da história ?

Enquanto isso, brincando com as palavras me deparo com uma ironia semântica interessante ao me lembrar de Giordano Bruno que foi aceso antes de morrer. Ah, com todos os crimes não resolvidos e encobertos da história daria para escrever umas dezenas de códigos DaVinci. Fica aí a dica para as gerações futuras... Ainda não estou com vontade de esculpir minha cruz.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Memento Mori





Não existe nada mais solitário do que estar vivo, existe ?


Estar morto, talvez ?

Não... Não creio nisso. Ao morrermos, estamos compartilhando com um bilhão de pessoas a mesma experiência: o doce beijo da morte. Ouso dizer que é a primeira vez e, ironicamente, a última em que temos uma experiência legitimamente conjunta. A derradeira fuga do ostracismo onde estávamos reclusos desde o primeiro lampejo de consciência do nosso ser. Quando deixamos o conforto, segurança e solitude da ostra de nossa individualidade para nos confrontarmos com a inevitabilidade de nosso destino final: o nada infinito.


Quer dizer que você vê a morte como uma experiência única para todos os seres, e não como um fenômeno individual e subjetivo ?

É a isso que sou levado a crer quando penso em como será a sensação de termos nosso sistema nervoso central subitamente desligado. Deixamos de lado toda a solidão das experiências puramente individuais e egocêntricas para nos fundirmos, qual gota no oceano, à eternidade da não-existência.

Sabe cara... esse papo ta me lembrando daquele lance dos cabelos das crentes.

Que lance dos cabelos das crentes ?

Ah... você sabe... o fato delas não cortarem seus cabelos para poderem, no dia do juízo final, serem agarradas mais facilmente pelos anjos e levadas para o céu, não importando quantos pecados cometeram em vida ou quantas ações trabalhistas desleais moveram para com os seus empregadores.

...

Porra meu... eu to aqui dando uma idéia séria sobre a experiência humana mais universal e misteriosa da humanidade e você vem me falar de cabelo de crente ?

Po, foi mal ai. Sabe como é... uma coisa leva a outra...

...

...

Mas, e os homens ? Eu nunca vi um homem crente de cabelo comprido. Como isso se encaixa ?

Sei lá... vai ver eles preferem ir pro inferno do que passarem a eternidade no nada infinito ao lado de um bando de malucas cabeludas.

Sim... eu preferiria...




sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Para o Infinito e Além

"Only two things are infinite, the universe and human stupidity, and I'm not sure about the former." - Albert Einstein

*"Apenas duas coisas são infiniitas, o universo e a estupidez humana, e eu não tenho tanta certeza quanto à primeira."

Frase engraçada essa né Super ?

Sim. Engraçada e trágica.

Eu não acho trágica.

Ah não ?

Não.

...

O quê ?

Sob qual perspectiva a idéia expressa pelo termo "ignorância infinita" não é trágica ?

Sob a perspectiva de um animal capaz de alcançar um grau de complexidade cognitiva tão elevado a ponto de criar um conjunto de associações mentais que ultrapassam a barreira da pura mensurabilidade científica, mensurabilidade esta que depende do próprio conjunto em estudo.

... ! Onde você aprendeu a falar assim ?

Com você.

E agora você acabou de aprender mais um conceito novo: A pergunta retórica.

Ha, ha, ha...Vejo que você realizou progressos humorísticos significativos nos últimos meses.

E o seu sarcasmo continua imbatível.

...


Do que falávamos mesmo ?

Da frase do Einstein.

Ah sim... como era mesmo ?

Algo sobre "tudo ser relativo".

E=mc² ?

Algo assim...


segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Auto Ajuda

Ele não queria ver ninguém. Não queria falar com ninguém. E, sobretudo, não queria que ninguém viesse falar com ele. Se afundar num poço de autopiedade, essa era a única vontade dele.

Ligou para os amigos e disse que ia poder jogar pelada hoje, teria que ficar com a namorada. Ligou para a namorada e disse que não poderia vê-la, tinha que estudar. Disse para os pais que não se sentia bem e pediu que ninguém o incomodasse. Se fechou no quarto, trancou os livros no ármario e mergulhou num profundo ostracismo.

Ei cara, sai dessa. Vamos jogar uma peladinha, nos distrair um pouco.

Não, não quero.

Liga pra Helena então, ela vai te fazer ficar melhor.

Não enche ! Me deixa em paz.

É, ele tá mal cara. Ta afundando na areia movediça. Tenta você alguma coisa.

E aí cara, o que tá rolando ?

Você sabe o que tá rolando.

Eu sei, mas você sabe ?

Eu falhei porra ! Sou um inútil.

Você não é um inútil, você sabe disso.

Correção: Até ontem eu não era um inútil, ou ao menos eu achava que não era. Mas as coisas mudaram.

Ah é ? Mudaram é ? Por quê ?

Já disse porra ! Eu falhei.

Você tropeçou num obstáculo, isso é verdade. Meteu a cara no chão, deu uma topada numa maldita pedra Drummoniana. Mas corredores não deixam de serem corredores ao levarem um tombinho.

Corredores não deveriam tropeçar e cair.

É aí que você se engana ! Corredores trompeçam sim. Aliás, precisam tropeçar. Precisam conhecer seus limites, suas habilidades, suas qualidades e defeitos, enfim, suas limitações. Apenas assim podem elaborar um programa de treinamento cada vez mais eficiente, de maneira a superarem os obstáculos antes intransponíveis.

Talvez todo mundo esteja certo, talvez eu não sirva para correr. Talvez eu deva me contentar a caminhar o resto da vida, e ser feliz assim.

Pode ser, mas eu duvido. O seu sonho desde sempre foi correr. Como você espera ser feliz sem perseguir o seu sonho ?

E se esse sonho for uma idiotice ?

Você acha isso porque ainda tá com os ferimentos abertos. Todo mundo que corre atrás de um sonho está destinado a cair uma vez ou outra. Se sonhos fossem algo simples de serem alcançados não se chamariam sonhos, e sim meras vontades. Tentativa e erro meu caro. Não subestime o poder da tentativa seguida do erro seguida de uma nova tentativa. Isso é puro Darwinismo, se você pensar bem.

Não sei. Antigamente eu tinha muita fé na minha capacidade de alcançar meus sonhos. Mas hoje, hoje eu sinto o peso do mundo nas minhas costas. Sinto minhas forças se esvaindo.

Cara, quando você visualiza um sonho, você dificilmente se imagina caindo no meio do caminho. Você sempre imagina cada vitória, cada conquista, e esquece que numa guerra existem muitas derrotas também. É por meio das derrotas que nos tornamos mais fortes, pois são as derrotas que nos forçam a nos superarmos. Se você não caísse nenhuma vez em sua busca pelo sonho, tal sonho não teria tanto valor assim.

É... acho que isso até faz sentido.

Claro que faz ! Tudo o que você precisa agora é calma e treino para superar esse obstáculo que te derrubou. Não vai ser fácil, nem tampouco impossível. Superar a si mesmo é a constante sina do ser humano. Você não está sozinho neste barco.

Okay. Farei isso. Mas hoje eu preciso de um tempo isolado do mundo. Sabe, para me recuperar.

Agora que você parou de se automutilar creio que esse tempo lhe será útil. Deite, descanse, planeje, mas nada de cavar pra baixo. Quanto mais você cava, mais alto o obstáculo se torna e mais difícil será escalá-lo.

Pode deixar. Obrigado cara, você realmente me ajudou.

Conhece-te a ti mesmo meu caro. Lembre-se: uma vida sem derrotas é puro tédio e estagnação. Se você almeja voar alto, precisa estar preparado para eventuais tombinhos. Se você parar para pensar bem você vai concordar que voar sem cair, amar sem sofrer, viver sem lutar, tudo isso são puros exercícios de futilidade. Não te levam a lugar nenhum que você não esteve antes.


Depois de alguns minutos, ele dormia em paz em sua cama. Não se orgulhava de sua queda, mas não se sentia tão mal como antes. Tinha decidido lutar com todas as suas forças para se autosuperar. Seu sonho ainda estava lá, bem em cima dele, e algum dia ela alçaria vôo e o alcançaria. Mas, pela primeira vez depois de muito tempo, ele não estava mais com tanta pressa. Decidiu que iria, ao invés, curtir um pouco o caminho até lá, e até mesmo os tombos que ainda o esperavam.

Nossa cara, mandou bem hein ? Conseguiu animar o cara.

Pois é. Nada como um batepapo consigo mesmo para nos ajudar a enxergar através da neblina do fracasso.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Meio Período

Mais um dia, mais uma luta. Carlos estava ainda dormindo enquanto esperava o elevador chegar ao seu andar. Se pegou pensando novamente nas frases que já estava cansado de ouvir: "Deixa de ser vagabundo. Você é um irresponsável, acordando todo dia meio-dia. Você não tá com a vida ganha, tá ? ". Nessas horas, Carlos pensava nas tartarugas e em suas vidas longas, graças à sua mania de cuidar da própria vida e deixar que os outros façam o mesmo. Quanta coisa ainda o ser humano teria que aprender com o mundo que o cerca...

- Boa tarde - Carlos saudou as pessoas que enchiam o elevador.
- Boa tarde - As pessoas que enchiam o elevador o saudaram de volta, com exceção de um senhor baixinho com um índice de massa corpórea um pouco acima do "normal", ou seja, acima de 25.
- Boa tarde não, não almocei ainda. Bom dia ! - respondeu o senhor baixinho com índice de massa corpórea igual a 28, vestindo um sorriso zombeteiro em seu rosto.
- Verdade né ? - riu Carlos
- Tem dias que eu nem trago marmita. Sabe como é, pessoas como a gente não podem comer muito não. Ai o dia demora a passar, só chega a tarde as 18 horas, quando chego em casa e almoço.
- O bom disso é que o senhor trabalha apenas meio período nesses dias. - Carlos acrescentou com uma seriedade disfarçada.

À chegada ao térreo do elevador, Carlos e o porteiro do prédio que trabalhava apenas meio-período se despediram com um "Tenha um bom dia / Você também." Memórias da infância de Carlos o invadiram, frases como "Uso meu senso de humor como proteção, válvula de escape, como anestésico para as adversidades da vida..." vieram à tona. Num suspiro de compreensão, Carlos confessou a si mesmo:

-É, funciona mesmo!

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

É a vida, é bonita, é bonita...

Viver é a coisa mais difícil que já fiz.

Certeza !

Amém !