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domingo, 31 de agosto de 2008

Cenouras e Chicotes

Existem basicamente dois meios de fazer com que um cavalo puxe sua carroça: o chicoteando por trás para que ele vá para frente fugindo da dor ou pendurando em sua frente uma suculenta cenoura para que ele vá para frente em busca do prazer antecipado da saciez. Temos, pois, dois pólos opostos governando o movimento de um cavalo de carroça: Repulsão e Atração, Dor e Prazer.

Para se aumentar a intensidade de tais forças irresiitíveis podemos adotar duas abordagens principais. Aumentar a dor que o chicote causa ou intensificar a fome do animal aumentando assim, indiretamente, o prazer que ele sentirá ao degustar o desejado vegetal.

Entre os homens, tal processo de gratificação e punição, muito embora seja dotado de uma maior complexidade, segue basicamente o mesmo padrão. Para se conseguir com que um homem faça algo você pode, novamente, adotar duas posturas: prometendo-lhe uma agradável recompensa ao final da tarefa (uma barra de chocolate, uma noite de sexo selvagem, um salário mínimo, uma vida feliz num eterno paraíso celestial, etc...) ou o amedrontando com terríveis ameaças (um mês de castigo, castidade involuntária, desemprego, uma eternidade de danações no fogo eterno, etc...). Novamente dois pólos: Prazer e Dor.

Todo condutor de carroça sabe que um chicote é mais eficiente do que uma vareta com uma cenoura amarrada na ponta para motivar a propulsão de seu veículo. Um cavalo não ligará para uma cenoura se ele estiver saciado, porém sempre fugirá de um doloroso açoite.

Infelizmente, homens e cavalos ainda possuem muito em comum quanto ao quesito motivação...

terça-feira, 10 de junho de 2008

Memento Mori





Não existe nada mais solitário do que estar vivo, existe ?


Estar morto, talvez ?

Não... Não creio nisso. Ao morrermos, estamos compartilhando com um bilhão de pessoas a mesma experiência: o doce beijo da morte. Ouso dizer que é a primeira vez e, ironicamente, a última em que temos uma experiência legitimamente conjunta. A derradeira fuga do ostracismo onde estávamos reclusos desde o primeiro lampejo de consciência do nosso ser. Quando deixamos o conforto, segurança e solitude da ostra de nossa individualidade para nos confrontarmos com a inevitabilidade de nosso destino final: o nada infinito.


Quer dizer que você vê a morte como uma experiência única para todos os seres, e não como um fenômeno individual e subjetivo ?

É a isso que sou levado a crer quando penso em como será a sensação de termos nosso sistema nervoso central subitamente desligado. Deixamos de lado toda a solidão das experiências puramente individuais e egocêntricas para nos fundirmos, qual gota no oceano, à eternidade da não-existência.

Sabe cara... esse papo ta me lembrando daquele lance dos cabelos das crentes.

Que lance dos cabelos das crentes ?

Ah... você sabe... o fato delas não cortarem seus cabelos para poderem, no dia do juízo final, serem agarradas mais facilmente pelos anjos e levadas para o céu, não importando quantos pecados cometeram em vida ou quantas ações trabalhistas desleais moveram para com os seus empregadores.

...

Porra meu... eu to aqui dando uma idéia séria sobre a experiência humana mais universal e misteriosa da humanidade e você vem me falar de cabelo de crente ?

Po, foi mal ai. Sabe como é... uma coisa leva a outra...

...

...

Mas, e os homens ? Eu nunca vi um homem crente de cabelo comprido. Como isso se encaixa ?

Sei lá... vai ver eles preferem ir pro inferno do que passarem a eternidade no nada infinito ao lado de um bando de malucas cabeludas.

Sim... eu preferiria...




segunda-feira, 2 de junho de 2008

Carta de cima...




"Meu filho Jesus é a representação exata de quem sou. Ele veio para demonstrar que eu estou contigo, e nao contra ti. Jesus morreu para que você e eu pudéssemos nos reconciliar. Sua morte foi a expressão suprema do meu amor por você. Eu desisti de tudo que amava para que pudesse ganhar o seu amor... "


Hmmm... O que eu aprendi na aula de história foi que o decadente império romano assassinou Jesus por causa das suas mensagens de amor, que contrariavam o regime político da epoca. Mais tarde, o regime político se apropriou de alguns livros da bíblia, proibiu outros (falam do "INDEX" nas igrejas ?) e criou o cristianismo para apoiar seu novo regime. Se imaginarmos as palavras de tal carta serem ditas pela boca de um senhor feudal, de um faraó egípcio, de um ditador qualquer da história, podemos entender um pouco como as pessoas se deixaram ser escravizadas ao longo da história em troca de algumas palavras reconfortantes cuidadosamente selecionadas e desvirtuadas (quem duvida, tente imaginar Jesus Cristo pedindo para seus seguidores que entregassem o salário inteiro deles em troca de uma parábola, ou que condenasse ao inferno um praticante do budismo. Ao dizer "atire a primeira pedra aquele que nunca tenha pecado", será que o messias se referia apenas ao pecado da prostituta ? Ele mesmo não atirou a primeira pedra, atirou ?). Jesus, em seu tempo, lutava contra a idéia do Deus tirânico, vingativo, que condena aqueles que não seguem suas ordens (ou seja, ordem dos ditadores) ao inferno. Os ditadores conseguiram crucificá-lo, alterar suas palavras para fazerem as pessoas seguirem JUSTAMENTE o que Jesus Cristo lutava contra. Isso que eu chamo de propaganda e marketing e advocacia do diabo, o resto é brincadeira de criança...