domingo, 20 de janeiro de 2008

Lágrimas de Homo Sapiens

Que isso Ali ? Tá chorando ? Ta mascando chiclete ?! Hahahaha...

Que nada Croc. Entrou uma maldita mosca aqui no meu olho. Ta ardendo pacas.

Sei... Achei que eram lágrimas de homo sapiens.

Homo Sapiens ?

Sim. Aqueles macacos albinos que se vestem com algodão e pele de outros animais.

Eu sei o que é um Homo Sapiens. Só não entendi o lance das lágrimas.

Bom, é o seguinte. Sabe porque nós, crocodilos, lacrimejamos quando comemos né ?

Tem alguma coisa a ver com uma glândula que a gente aperta quando damos uma mordida, não ?

Exatamente. Quando damos uma mordida num animal qualquer, realizamos uma pressão numa glândula que derruba uma substância nos nossos olhos que o irrita, causando a lacrimejação, ou seja, água é liberada com o intuito de limpá-lo, da mesma forma que a mosca que entrou no seu olho faz com que ele tente se limpar também.

E o que isso tem a ver com os macacos ?

Acontece que os Homo Sapiens possuem um controle interessante sobre tal glândula. Eles a ativam quando se encontram em determinados estados emocionais. Funciona como uma forma de demonstrar emoções entre eles.

Sério ?! Que tipo de emoção ?

Ah... muitos tipos... Tristeza, alegria, gratidão... até mesmo admiração perante algo que eles achem bonito, sei lá...

Tá brincando né ? E como eles diferenciam que emoção as lágrimas estão expressando ? Quero dizer, existe um único tipo de glândula e, pelo o que você diz, eles demonstram emoções extremamente diferentes ativando o mesmo órgão.

E como você acha que eu vou saber isso ? Eu não sou um maldito Homo Sapiens !

Sei não hein ? Do jeito que o seu sangue tá quente você ta parecendo um.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Bunnyville

Era uma vez uma, numa terra distante, uma feliz e próspera vila de coelhos chamada Bunnyville. Os habitantes de Bunnyville viviam em harmonia inseridos num sistema econômico simples , tendo como base uma única unidade monetária, a cenoura. Todos os serviços realizados por um Bunny para outro eram recompensados com um número pré-determinado de cenouras. Desnecessário dizer que o sustento do indivíduo era automaticamente garantido pela sua renda, dada a identificação da moeda com a fonte de sustento básica do cidadão Bunnyvillense. Porém, tal identificação gerava um sério problema. Se novas unidades monetárias não fossem obtidas de modo a repor aquelas consumidas pela população a cada dia, a economia entraria rapidamente em colapso. Deste modo, a sociedade Bunny dependia fortemente dos chamados coletores, coelhos que eram mandados na calada da noite para Manville, uma vila de humanos que cultivavam, entre outras coisas, a tão cobiçada cenoura, a fim de obterem o estoque diário necessário para manter sua sociedade funcionando apropriadamente. Obviamente aos coletores cabia uma pequena parcela do que obtiam. A maior parte tinha que ser distribuída pela sociedade. Mas tal distribuição não era feita espontaneamente. Os coletores não eram bom samaritanos nem nada. O caso é que eles eram apenas a extremidade de uma longa cadeia econômica. Estavam a serviço de ricos distribuidores. Eles eram encarregados de organizar os coletores em grupos que minimizassem o risco corrido em suas missões, fornecendo todo o material necessário em sua empreitada. Eram responsáveis também por diversos outros grupos que prestavam importantes serviços em Bunnyville. Porém, os distribuidores eram menos bom samaritanos que os coletores. Enquanto seus trabalhadores recebiam cenouras suficientes para garantirem seu sustento e a manutenção de seus razoáveis padrões de vida, os distribuidores, em troca de seu serviço de organização, abocanhavam uma boa parte das cenouras obtidas. Como eles organizavam todas as instituições prestadoras de serviços em Bunnyville, toda cenoura que não era consumida por um cidadão ia parar invariavelmente em seus cofres.

Carl era um cidadão Bunnyvillense que não estava satisfeito com o Status Quo de sua sociedade. Seu problema não era com a exploração realizada pelos distribuidores. Ele estava por demais inserido no contexto econômico para ter noção de tal exploração. Em sua cabeça, como na cabeça de todos os outros explorados, as coisas não poderiam ser de outro jeito. O que o preocupava era algo mais básico, mais simples, mais fundamental e, por isso, mais controverso. Carl se incomodava com a idéia de que Bunnyville era uma sociedade de ladrões. Sua sobrevivência dependia inteiramente do cultivo de cenouras realizado pelos homens. Eram salafrários sem escrúpulos, sugando o sustento alheio e não retornando nada em troca. Em suma, parasitas de Manville por excelência. Tal idéia trazia náuseas a Carl, muitas vezes roubando seu sono o que, ironicamente, apenas piorava a situação, pois o permitia presenciar o saque noturno realizado por seus companheiros. Carl não sabia por quanto tempo mais aguentaria viver sob a condição de parasitismo. Já havia feito greve de fome, porém sem sucesso. Não apenas sua vida, mas a de toda sua comunidade dependia daquela infame atividade. Não, morrer de fome não iria ajudar em nada. Carl precisava encontrar um jeito de libertar Bunnyville da condição vermífuga.

Armado de tais pensamentos e de uma súbita dose de coragem, Carl deixou Bunnyville. A algum tempo ele havia tido uma brilhante idéia. Da mesma forma que as cenouras cresciam na terra cultivada pelos homens, ela haveria de crescer também em alguma porção de terra ainda não explorada nos arredores. Se Carl pudesse encontrar cenouras que não pertencessem a ninguém, que crescessem naturalmente, sem o cuidado de nenhum humano, então não haveria problema algum em Bunnyville utilizar tais vegetais para seu sustento. Passariam a ser uma raça de exploradores, ao invés de reles parasitas. Embuído com a vontade de melhorar o mundo, Carl passou dias explorando os territórios desconhecidos que iam além de Manville.

Dias se passaram e Carl sentia em suas costas todo o peso das frustrações que acometem aqueles que falham em uma nobre missão. Sentia que rodava em círculos, nunca encontrando o menor sinal das folhas que saiam do solo, indicando a presença da suculenta raiz. Se arrastando, desprovido de forças, Carl se perguntava se o Grande Coelho havia criado ele e seus irmãos para serem nada mais além de repugnantes vermes parasitários. Estariam fadados à eterna dependência, nunca indo além do furto para garantirem sua sobrevivência, nunca conquistando uma forma honesta de subsistência ? Num último gesto de esperança, Carl começou a cavar a clareira onde se encontrava. A razão o dizia que era um ato inútil, que ele nunca encontraria cenouras numa clareira desprovida das folhas característica de um pé de cenoura. Porém Carl já havia abandonado a razão, restando apenas a fé.

No mesmo dia Carl retornava triunfante ao seu povo, carregado de cenouras que ele havia encontrado no buraco cavado na clareira. Não entendia o porquê de tais cenouras não possuirem a característica folhagem por cima do solo. Talvez fosse algo que apenas as cenouras cultivadas pelos homens possuíssem, mas isso não importava. O importante é que ele havia encontrado a chave para libertar seu povo do parasitivismo vulgar, ou melhor, assim ele imaginava. No mesmo dia, apesar de seus protestos desesperados, foi preso e sentenciado à morte por invadir e saquear o cofre de um rico e poderoso distribuidor.

Moral da história: O caminho para o inferno está repleto de boas intenções.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

A Arte da Criação da Arte

Era uma reunião de emergência. As melhores mentes da humanidade haviam sido urgentemente chamadas para discutir a questão mais importante jamais levantada na história. Iriam discutir seriamente sobre o tráfego de informações.

- A situação é extremamente crítica - suspirou Leonardo.

-Sinais de perda de fé podem ser visto em todos os lugares - alertou Raphael.

- Pensar e sonhar são atividades cada vez menos praticadas e conhecidas - se desesperou Donatello.

- Estou triste - confessou Michelangelo.

Durante horas as maiores mentes da humanidade discutiam, explicando seus infinitos motivos pela perda de fé na humanidade. A alienação dos jovens, a amargura e conformismo dos velhos, a escravidão dos adultos. Não existia um lado que alguém olhasse e não presenciasse um crime animalesco contra o espírito humano. Aquele espírito tão cheio de potencial, com tanta capacidade para superar a si mesmo, porém, simultaneamente, tão medroso e preguiçoso. Se nada fosse feito, ninguém iria sair vivo daquele pálido ponto azul chamado Terra.

- Como vemos, graças à extensa e precisa análise de Ludwig, a qualidade de atividade intelectual dos indivíduos está altamente correlacionada com o respectivo fluxo de idéias. Spooky Clouds, o modelo que descreve tal fenômeno, toma como hipótese a idéia de nós de informação, encruzilhadas de sinapses altamente estáveis que funcionam como pontes entre diferentes idéias na mente de um ser humano. É tal fator aleatório o responsável por todas as tomadas de decisões e resoluções dos problemas, desde que a vida como a conhecemos surgiu.

- Alguém poderia ir direto ao ponto ? - Geraldo esfregava a cabeça, impaciente - Não temos exatamente todo o tempo do mundo aqui.


- O ponto, meus caros, é que precisamos encontrar uma solução efetiva para incentivar o fluxo de informação para o cérebro das pessoas. Um alto e constante fluxo age como um efetivo catalisador de nós, que por sua vez catalisa nossos sonhos... e o resto se escreve sozinho.

Um silêncio se fez no recinto, silêncio este que representava a cumplicidade de todas as mentes presentes. Todos concordavam que algo precisava ser feito urgentemente para salvar a obra-prima da natureza, o engenho mais complexo do universo conhecido, o cérebro humano! Mas, o quê ?

Um som rítmico repentinamente se fez ouvir no salão de reuniões. Era um ritmo preciso, contagiante, simples, rico, mágico. Eram sons produzidos por um bongô sendo constantemente estapeado. Risos de timbre feminino eram também audíveis à esta altura.

- Meninas, eu duvido que vocês tenham se divertido tanto quanto eu. Da próxima vez eu compensarei meus erros de hoje.

Quando as índias semi-nuas se fizeram ausentes, o tocador de bongô pareceu notar pela primeira vez os olhos que se dirigiam, reprovadores, para ele.

- E aí pessoal ! Tudo certinho ?

- Dick, meu amigo. Todos nós estamos acostumados com a sua, como eu diria isso, excentricidade - Quase imediatamente, a fala de Geraldo foi interrompida por Dick - E eu devo dizer que sempre apreciei muito tal postura meus colegas.

- Obrigado. - Geraldo meneou a cabeça modestamente - Dick, estamos enfrentando uma séria crise aqui, talvez a maior de todas, e precisamos de toda a ajuda disponível. E você bem o sabe que a sua ajuda sempre nos foi de extrema importância no passado. É de meu desejo que tal quadro continue a ser pintado hoje, meu caro, quando, como eu já disse, não podemos nos dar ao luxo de perder qualquer tipo de ajuda.

- Sim - Dick subitamente parecia ter trocado de personalidade, como um músico talentoso troca de instrumento no meio de uma apresentação - Já estou familiarizado com o conceito da crise, inclusive com o plano sobre o fluxo de idéias.

- Plano ? Não temos plano algum ! - Fred apoiava sua latejante cabeça em suas mãos, como se segurasse o mundo inteiro vacilante entre seus dedos - Tudo o que temos é essa vontade de, de alguma maneira qualquer, incentivaro fluxo de idéias na mente dos seres humanos. Mas não fazemos a menor idéia de como alcançar tal feito.

- Já é um começo. E que belo começo ! Há de surgir o plano bem sucedido que não tenha começado com uma vontade ou, melhor ainda, com um sonho.

- Precisamos de algo mais palpável que um sonho. - Geraldo começa a mostrar sinais de impaciência - Precisamos de pragmatismo, precisamos agir!

- Bem, eu tive uma idéia engraçada que pode dar certo. - Todos os olhos se voltaram, novamente, para Dick.

- Bom, - Dick rompia timidamente o silêncio que ele havia arquitetado. Sua boca estava seca, seu estômago repleto de borboletas. Se concentrou para não ser distraído pelas batidas de seu coração e continuou com o discurso semi-ensaiado - Para vender o nosso produto, no caso as idéias, precisamos de embalagens eficientes.

Uma comoção tomou conta do ambiente. Ninguém estava exatamente no clima apropriado para ouvir as pilhérias de Dick. Antes que os murmuros de descaso se tornassem sonoras vaias, a voz tímida de John ecoou, limpidamente, por todo o salão:

- Hey pessoal, vamos terminar de ouvir a idéia do Dick. Ele raramente nos desaponta.


Paz John ! - voltando-se para a descrente multidão, ele continuou com a sua propaganda - Sim, embalagens atraentes, instigantes, reconfortantes. Embalagens bonitas ! É disso que precisamos para vender nosso peixe.

O surdo silêncio que reinava parecia suspirar: ”Continue, sou todo ouvidos”, e ele continuou:

- É só observarmos um pouquinho o ser humano para notarmos que as coisas que ele não gosta são feitas extremamente de má vontade e com qualidade infinitamente inferior às coisas que ele gosta, às que ele se sente atraído, satisfeito por fazê-las. E não é preciso ser nenhum Alberto para sacar que o homem gosta, ou melhor, cultua a beleza.

- Ele tem razão - se surpreendeu Alberto - eu compraria qualquer coisa cuja embalagem lembrasse a beleza sagrada de um solo de violino.


- Mas, o que você está sugerindo ? - Geraldo não parecia estar seguindo a linha de raciocínio muito bem - Que comecemos a distribuir idéias de suma importância para o progresso da humanidade codificado nas notas de uma música ?

- Exatamente ! - Dick estava no apogeu de uma forte descarga de endorfina - E não apenas nas notas, mas nas letras. E em livros com histórias envolventes, em quadros, estátuas...

- Podemos incutir idéias e questionamentos em músicas populares. -animou-se Paulo.

- Ou cultuar a própria idéia de perfeição, que está sempre motivando as ações dos homens. - inspirou-se Plato.


- Ou revelar novos pontos de vista, novas perspectivas, novas maneires de se enxergar o mundo em pinturas. - empolgou-se Pablo.

- Preparar o mundo para uma nova era através de atraentes alegorias. -reanimou-se Fred.

- Isso, isso. Acho que vocês pegaram a idéia. - Dick alterava novamente o seu semblante. - Vamos pensar em algo simples de início, como... hmmm... sei lá, pinturas nas cavernas. E logo após desenvolver a escrita, para podermos preservar de uma maneira mais ou menos eficiente todas essas idéias.

- Acho que sei quem pode nos ajudar com a matéria-prima, tintas, panos, peles de animais e tudo o mais.- e, de uma maneira mais espetacular do que entrou, Dick deixou o recinto, feliz pela eficiente germinação de suas sementes - Ei meninas ! Meninas, precisamos de uma mãozinha aqui.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

O Papel do Espírito Criador

A felicidade, os momentos felizes, os prazeres que motivam as ações dos seres vivos, em particular do homem, são, em sua essência, algo passageiro, fugaz e subjetivo. Recompensas biológicas frutos de uma complexa conexão entre o ambiente e o indivíduo. O que para um indivíduo se torna algo essencial, algo que ele deve concentrar todas as suas forças em obter, traz pra ele um prazer intenso ao ser obtido. Ao mesmo tempo, para um segundo indivíduo tal conquista pode ser algo a ser encarado de maneira completamente indiferente. Suas motivações são outras. Tal sistema complexo de aspirações e recompensas torna possível a incrível diversidade e complexidade que encontramos nas atividades humanas.

Talvez por motivos evolutivos, o ser humano nunca encontra a satisfação plena de seus desejos. O circuito de recompensa que se forma em seu cérebro se deteriora com o tempo, fazendo com que a mesma atividade proporcione um prazer menor no dia seguinte. Tal fenômeno faz com que o ser humano tenha uma propensão natural à auto-superação, uma vez que, numa posição mais elevada, ele terá acesso a prazeres "maiores".

Podemos ter uma idéia melhor sobre tal processo analisando o estereótipo do "capitalista selvagem". Em seu subconsciente, ou mesmo no consciente, o capitalista sabe que um acúmulo maior de capital o trará, a princípio, prazeres mais intensos. A constante busca por capital é consequência do seu padrão de conforto e prazeres sempre crescentes. Como uma célula cancerígena se multiplicando indefinidamente e exigindo uma irrigação sanguínea cada vez maior, o capitalista não mede esforços para arrancar e dominar o capital alheio, aumentando a sua fonte de prazeres e, consequentemente, diminuindo a de outrem.

Por outro lado, existe uma alternativa ao imperativo pirata "Matar e pilhar". O indivíduo "criador" obtém sua recompensa de fontes internas ao invés de externas. No ato de criar ele, além da satisfação da criação em si obtém, como bônus, o prazer de estar contribuindo com algo para o resto do mundo. Enquanto o "capitalista selvagem" seca a fonte exterior, o "criador" a alimenta com suas atividades. Sob esse ponto de vista fica clara a importância do espírito criativo para a manutenção da sociedade. Uma sociedade que possuísse apenas espíritos cancerígenos ruiria rapidamente sob a tensão causada pelo acúmulo crescente de capitais.

Algumas perguntas merecem nossa atenção neste ponto. Como surge o espírito criativo ? Como estimular o processo criativo ? É possível transformar um espírito cancerígeno num espírito criador ?

Não responderei tais perguntas. Me limitarei a convidar o leitor a refletir sobre a natureza do fenômeno da criação. Ela não possui como alvo único a música, pintura, escultura, literatura, enfim, a arte em geral. O espírito criativo está presente também no surgimento de uma boa amizade, na educação consciente e preocupada de um filho, na manutenção de uma conversa produtiva, nas ações de um cidadão consciente e preocupado, enfim, em todas as atividades humanas que sejam uma fonte, tanto interna quanto externa, de prazer e satisfação. A cura para o câncer da humanidade depende fortemente da disseminação de tais atitudes criadoras pelo globo, tanto nas regiões possuidoras de tumores quanto naquelas possuidoras de sequíssimas fontes, que se alastram num ritmo mais avassalador que as cancerígenas.





I can´t get no satisfaction

(m. jagger/k. richards)

I can't get no satisfaction
I can't get no satisfaction
'cause i try and i try and i try and i try
I can't get no, i can't get no

When i'm drivin' in my car
And that man comes on the radio
He's tellin' me more and more
About some useless information
Supposed to fire my imagination
I can't get no, oh no no no
Hey hey hey, that's what i say

I can't get no satisfaction
I can't get no satisfaction
'cause i try and i try and i try and i try
I can't get no, i can't get no

When i'm watchin' my tv
And that man comes on to tell me
How white my shirts can be
But he can't be a man 'cause he doesn't smoke
The same cigarrettes as me
I can't get no, oh no no no
Hey hey hey, that's what i say

I can't get no satisfaction
I can't get no girl reaction
'cause i try and i try and i try and i try
I can't get no, i can't get no

When i'm ridin' round the world
And i'm doin' this and i'm signing that
And i'm tryin' to make some girl
Who tells me baby better come back later next week
'cause you see i'm on losing streak
I can't get no, oh no no no
Hey hey hey, that's what i say

I can't get no, i can't get no
I can't get no satisfaction
No satisfaction, no satisfaction, no satisfaction