sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Os Sete Suspiros

Quando ele viu, ja havia sido feito e nada mais reverteria a situação. Havia sentado em cima do saco de suspiros, havia sentido os pobrezinhos se despedaçarem perante o seu peso. Era uma pena.

Toda a expectativa pelo prazer que ele havia acumulado desde que comprara o saco de suspiros. Não iria sentir aquela sensação de mascar um chiclete comestivel simultaneamente ao instante em que voce colocou uma colher inteira de açúcar na boca. Em suas mãos segurava o saco cheio do que era constiuida a meia duzia de doces a base de açucar e ovo que tanto haviam chamado a atenção dele no mercado. Meia duzia não, cinco. Ele a havia comido um na saida do mercado, no dia anterior. Ele nem era o maior fã de suspiros que ele conhecia, mas ele havia sido realmente uma boa experiência sensorial.

Ao inserir migalhas de suspiros em sua boca, ele se surpreendeu ao notar que o gosto coninuava muito bom. Melhor ainda, ele ousaria dizer. A trituração, ele imaginava, fez com que uma area maior de sua lingua ser coberta pelo alimento, o que explicava o aumento no prazer da experiência.

Nada fazia sentido ! Por que suspiros eram vendidos inteiros, se eles era muito melhores triturados ? "Ha algo de podre no reino da Dinamarca". Enquanto ele recitava Shakespeare, sua mão encontrou algo estranho no saco de migalhas, anteriormente conhecido como saco de suspiros. Sim, ele não havia se enganado, um suspiro inteiro havia resistido bravamente contra o processo de esmigalhamento, talvez protegido pelos seus desafortunados vizinhos. Sem saber direito como ele havia chegado em suas mãos, ele contemplava o suspiro inteiriço, suas simetrias, suas irregularidades, sua identidade !

E então, na primeira mordida, ele sentiu. Sentiu todo o prazer daquela estrutura complexa sendo tritura em sua boca, prazer este que havia sido destruido no processo de trituração "Deuterestômio" ( Aquele bixo cujo ânus surge antes da boca, como você !). Havia entendido o porquê de Suspiros serem vendidos inteiros, mas se confundiu mais ainda. Era um belo de um paradoxo este com o qual ele havia esbarrado, ou melhor, sentado em cima.

Num subito estalo ele havia entendido ! Ambas as coisas eram boas demais, mas apenas uma delas sozinha enjoava rapido. A variedade era o tempero que o fazia começar a gostar de suspiros novamente. Ao se dar conta que havia resolvido aquele dilema, suspirou aliviado.

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