quarta-feira, 18 de julho de 2007

Aquela pescoçuda do caralho.

“Você sabe que Deus criou o mundo. Mas foi o homem que tornou o mundo confortável.
Ta na bíblia.
O homem é o Deus do conforto.
Faz sentido.
O único animal que poderia fazer isso é o homem. Você acha que o cachorro faria isso? A girafa faria isso, pescoçuda do caralho? A baleia faria isso?
Não, ia deixar tudo molhado.
Só o homem é capaz de fazer uma coisa assim, confortável como uma poltrona. Sente ela. Um casacão desse assim ó.
Uhn. Mas o homem encheu o mundo de coisa ruim também.
Tipo o que?
Lixo.
Não, eu discordo. O lixo é bom. O lixo é o troco.”


O presente post baseia-se no genial diálogo pertencente ao também genial filme "O cheiro do ralo". A tese que quero defender aqui, sugerida pelo trecho acima, é a de que o ócio é o principal diferencial que fez com que macacos, e não girafas pescoçudas e baleias encharcadas, desenvolvessem um entendimento sobre o mundo que os cerca que vai um pouco além da resposta para perguntas como "onde vamos comer ? onde vamos dormir ? quem vou comer ? com quem vou dormir ?" (salvo exceções óbvias e numerosas).

Qualquer ser humano que utiliza o mínimo de sua criatividade deveria reconhecer o poder que horas sem se fazer nada que leva o título de "trabalho", ou "responsabilidade", ou "algo de útil", possui para criarmos algo que não seja apenas útil, mas novo, algo inovador. Se as girafas tivessem tal poder de inovar, os cachecóis vendidos no planeta Terra teriam muitos metros a mais do que o normal.

E não discuto apenas a importância de momentos reflexivos, a necessidade de indivíduos sentarem numa poltrona confortável, ouvindo a sua música preferida, olhando uma lareira queimar ou a grama do jardim crescer. Defendo também a importância de boas e longas noites de sono, sonhos bem aproveitados. Durante o nosso estado de vigília, quando estamos procurando a solução de algum problema, uma nova perspectiva para enxergar uma situação, algo inovador em suma, dificilmente iremos buscar em nosso banco de memórias uma idéia completamente disssociada do problema original que, no entanto, é a chave para se criar a tão procurada inovadora forma de se olhar o mundo. Porém, quando o indivíduo se encontra no estado R.E.M., cruzando tudo o que ele aprendeu no dia com o que ele aprendeu no restante de sua vida, é que ele tem a chance de encaixar idéias novas no problema para posteriormente, de volta ao estado de vigília, ele possa finalmente desenvolver sua arte criadora, criar sua obra-prima inovadora e exclamar num estado orgiástico e indescritivo: "Eureka !"


P.S.: Sobre a importância do lixo, sugerida pelo final do trecho, sinto que tal idéia merece um post próprio, onde talvez possam ser desenvolvidas algumas idéias "nietzschianas". Mas algumas boas noites de sono separam o hoje de tal post ;)



When I wake up early in the morning

Lift my head, I'm still yawning
When I'm in the middle of a dream
Stay in bed, float up stream (float up stream)

Please, don't wake me, no, don't shake me
Leave me where I am - I'm only sleeping

Everybody seems to think I'm lazy
I don't mind, I think they're crazy
Running everywhere at such a speed
Till they find there's no need (there's no need)

Please, don't spoil my day, I'm miles away
And after all I'm only sleeping

Keeping an eye on the world going by my window
Taking my time

Lying there and staring at the ceiling
Waiting for a sleepy feeling...

Please, don't spoil my day, I'm miles away
And after all I'm only sleeping

Keeping an eye on the world going by my window
Taking my time

When I wake up early in the morning
Lift my head, I'm still yawning
When I'm in the middle of a dream
Stay in bed, float up stream (float up stream)

Please, don't wake me, no, don't shake me
Leave me where I am - I'm only sleeping

2 comentários:

Anônimo disse...

Hm... é, a pescoçuda do c* não faria isso, não. Hahahahahaha xD

Adorei o texto. O ócio criativo é muito importante, mas hoje em dia não temos dado muita atenção a ele... é um tal de levantar com as galinhas (aquelas bicudas do c*!!!), tomar café num gole só, faculdade, trabalho, estudar quando se está em casa, levar trabalho pra casa. Isso quando não temos as nossas obrigações de arrumar a casa, fazer compras, cuidar de si e dos demais.
E assim passamos nossos dias, como robôs (aqueles seres metálicos do c*!!!), fazendo tudo mecanicamente, sem aguçar a cuca. Não vivemos, apenas existimos.
Queria poder fazer diferente...

Também adorei a música dos Beatles, muito apropriada, viu?
Kisses kisses ;****************

Anônimo disse...
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